quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Eu Não me Percebo

Eu não me percebo e até digo porquê; eu considero-me uma rapariga moderna, virada para a frente (em quase tudo vá), mas depois gosto de muita coisa antiga. Além de saudosista, ou nostálgica, como queiram chamar, sofro com a falta de coisas que já não tenho, o que acaba por ser parvo!
Eu vejo um filme, ouço uma música da minha adolescência por exemplo... e sinto um aperto, ao mesmo tempo parece que viajo e vivo as mesmas emoções, sinto as mesmas coisas que sentia; as mesmas mágoas, os mesmos impulsos, tudo! Digam-me lá se não é parvo? É que eu pensava que só ia sentir isso lá para os 60 anos! Pronto se calhar tenho de dar um bocadinho... sim só um bocadinho de razão à Cármen (a minha sábia cunhadinha), quando ela diz que o tempo lhe pesa... se calhar cunhada, era isto que falavas não era?! Olha não sei bem! Acho que sou muito nova para sentir esta nostalgia... mas enfim!!E só por isso deixo filminho que me faz sempre babar... com o meu Patrick:



Depois digam-me: como? Como é que eu ouço e vejo isto e fico bem?! Claro que não fico né?! Só olhar para este homem, para aquela anca, peito, pernas, braços... tudo!Não dá para ficar bem percebem?!

E Este?!

É como este senhor... o pancadão que a miúda tinha!!? Eu sei que ele agora está irreconhecível mas eu lembro o menino assim tá... lindo e malandro

Continuando na onda dos filmes musicais, em 1989 houve um filme intitulado "Lambada - A dança proibida" que tinha como música principal um tema com o mesmo nome: Lambada


E claro não podia faltar o final de "Flashdance" né?! Memo para acabar em beleza... memo memo!!




E pronto o meu saudosismo hoje, fica por aqui!!

1 comentário:

Carmen disse...

O Alvarecas disse-o assim:

"No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa como uma religião qualquer.

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim mesmo,
O que fui de coração e parentesco,
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui – ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a humidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas – doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado -,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!..."


Nota especial para as extraordinárias afirmações:'Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez'/'Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!'/'Raiva de não ter trazido o passado na algibeira!...' parece que é mais ou menos isto!

sempre achei esta a melhor forma de o descrever, ele soube dizê-lo tão bem minha canuca :)

um beijo

ps. aquilo, ontem, no ginásio estava complicado ;)